o centrão nem é carne nem é peixe, antes pelo contrário
O centrão, Aqui como no resto do país, é a epifania da mediocridade. Era impossível a alguém juntar tanta em tão pouco espaço. Este é um dos milagres maiores desta coisa a que, não sem alguma ironia, se vai chamando democracia. Mediocridade! Ninguém imaginava haver tanta, aos montões, às pazadas, às carradas. É uma praga maior do que a grama, as silvas ou o escaravelho da batata. É omnipresente e omnipotente. Inça como as pragas malfazejas, espalha-se como as notícias más, desenvolve-se como os vírus malsãos. Num instante toma o corpo social, insidiosamente pela aparência democrática do voto, para o devorar protegida pelo escudo das instituições e da lei. É fina, mais que inteligente. É guicha, mais que competente. É vivideira, mais que produtiva. É estúpida. Usa meia branca, sacola e old spice. É medíocre.
Ocupa o espaço público concertadamente, por um mecanismo orgânico de adaptação e selecção darwinianas que visa a sua preservação e o domínio do seu biosistema. Divergiu em duas famílias da mesma espécie. Aparentemente digladiam-se, mas ambas sabem que a sua sobrevivência depende do funcionamento alternado do sistema: ora agora mando eu, ora agora mandas tu.
Senão veja-se o caso de Aqui. Já todos sabemos, em ano de alternância, quem vai para os cargos. Se ganha a família, digamos assim, A, Fulano vai para aqui, Sicrano vai para ali, Beltrano vai para além; se ganha a família B, Arrebunhano vai para além, Contralbano vai para ali, Santulhano vem para aqui. Sem risco de nos enganarmos. Quem paga as favas, sabemo-lo todos, é o Aldeano. Ou, no dizer certeiro de Mário de Carvalho, o Manuel Germano (já lá vamos...).
Já se disse que é burro. Apesar do mestrado e (até!!!) do doutoramento. Cita lugares comuns que atribui, sabe-se lá porquê, a Churchil (como disse Churchil... e nunca ninguém que leu Churchil lá viu tal coisa) ou ao Outro. De Wilde e de Shaw, onde poderia ir largamente munir-se de ditos, nunca ouviu falar. No anedotário substituiu Bocage pelo “português”, adora o non-sense básico do “alentejano”. É básico. Não sai daquilo. Anquilosou, estagnou, petrificou. A verdade, é que não dá para mais. Sabe distinguir concelho de conselho, mas diz que foi ele que espoletou a situação. Pede desculpa pelo pleonasmo - a que também chama, aliás certeiramente, redundância - mesmo quando o não há. Aprecia o carrascão, e frio. O bom restaurante é onde “encha os focinhos de chicha”. Arrota. Assoa-se ruidosamente. Tem gota. Pertence à direcção de uma instituição sem fins lucrativos.
(Pode continuar, que isto é um manancial inesgotável).
Quanto a Manuel Germano, Mário de Carvalho o disse e muitíssimo bem, é com o que o tal confunde Género Humano.